A caminha de hoje me rendeu essa analogia. Em 65 minutos de caminhada eu fiquei observando o céu. Quando saí, o Sol ainda não havia aparecido. As nuvens estavam esparsas de um lado e aglomeradas em outro. Senti uns pingos finos aleatórios em alguns pontos do caminho, cheguei a achar que iria chover forte. Mas do outro lado, as nuvens cada vez mais esparsas, abriam espaço para o Sol brilhar. E assim foi durante todos os 65 minutos. Muitas nuvens, algumas escuras, outras claras, aglomeradas de um lado, esparsas de outro e o Sol brilhando nos entremeios.
A analogia se deu no momento em que percebi como esse processo se parece com o nosso estado de espírito. Já observou que em todas as nossas alterações de humor, no fundo sabemos que logo voltaremos ao nosso “estado de Sol”? Ou seja, existe dentro de nós a sensação de que há um estado mental que é o dominante, é o nosso Sol, nosso “Eu” maior, para alguns. Aquele que acima das nossas nuvens mentais (nossos pensamentos) estará sempre brilhando, superior a todas as nossas inquietações. Um estado de clareza e paz.
E continuando a analogia, percebi que as nuvens se movimentam ao sabor do vento. E percebi também que ao me por na posição de observadora eu pude enxergar isso tudo e ainda vislumbrar o brilho do Sol por detrás daquela nebulosidade toda.
Pensei: É isso que a Meditação prega! Eureka! Eu posso me livrar das minhas inquietações e fazer brilhar meu sol com mais frequência. Eu só preciso PARAR e observar meus pensamentos, sem julgamentos (sem “pensar” sobre eles). Eu só preciso aceitar essa verdade de que meu sol sempre estará brilhando acima das minhas nuvens. Eu posso ainda não ter controle sobre meus climas internos, mas eu tenho a segurança de que eles não precisam me afetar no meu íntimo e que isso eu tenho como evitar. Basta eu entender que nuvens são passageiras, mas o Sol não. Pensamentos são apenas isso: nuvens passageiras. Eu não tenho porquê dar importância a eles se eu não quiser.