Eu nasci sem rótulos e a sociedade me ensinou que carne era um prato especial, quem não tinha carne era pobre. Rotularam-me “carnívora”: a pessoa que tinha o “privilégio” de poder comer carne. Nunca havia questionado o status da carne no meu prato. Não sabia de onde vinha, como era feito, o que estava por trás daqueles suculentos pedaços de um animal morto no meu prato. E nem achava que precisava saber. Tava ali. Era gostoso. Era o que bastava.
Mas eu cresci. Busquei esse conhecimento que eu ignorava. E depois de possui-lo, não tive mais prazer em usufruir da morte de um animal que pude observar também ter sentimentos. Uma vaca cuida de seus filhotes com a mesma atenção que uma cadela. Um porco sente a dor de uma facada do mesmo jeito que eu sentiria.
Esses bichos são tratados meramente como produtos e sua produção em série traz inúmeros problemas ao meio ambiente (clique aqui para saber mais, caso se interesse). Sem contar os malefícios ao corpo humano devido ao número crescente de hormônios e medicações usados para a reprodução rápida desses animais (Leia isso e tire suas próprias conclusões).
É triste ver a ignorância até na classe médica sobre o assunto. Outro dia minha otorrinolaringologista me perguntou de onde eu tirava proteínas, como se a carne fosse a única fonte desta (Veja aqui algumas fontes de proteínas vegetais).
Muitas pessoas defendem animais silvestres e domésticos com afinco, mas são completamente indiferentes aos animais que põem no prato. O que eu fiz foi parar para pensar no porquê. Entendi que não fazia o menor sentido, afinal são todos apenas animais.
Algumas pessoas se indignam com o fato de em outras culturas consumirem cachorro e cérebro de macaco. Se pararem para refletir, verão que o horror é o mesmo, independente do animal que se come. Mas julgar o outro é sempre mais fácil do que voltar o olhar para a própria cultura de matança.
Sei que apenas por ler este relato, se é que você se permitiu chegar até aqui, não vai transformá-lo num vegetariano. É um processo de desaprendizado e readaptação física e mental. Leva tempo e é preciso querer. Mas realmente gostaria muito que este, ao menos, te leve a refletir sobre o assunto; porque acredito que a reflexão sobre a incoerência dos nossos comportamentos é o primeiro passo para a mudança.