Tradução do título da postagem, segundo a Wikipedia:
Nada está no intelecto que não tenha passado pelo sentido.
A postagem de hoje é referente ao meu comentário no Google+ (Foto acima) sobre a morte do intelectual David Foster Wallace.
Um amigo então me devolveu as perguntas e fez mais uma e eu tento respondê-las a seguir:
O conhecimento é algo insuportável? Causa sofrimento?
A resposta é: depende. Sei que o depende não é a resposta que gostaríamos de ouvir. Só para variar, algo objetivo de vez em quando seria deveras reconfortante, mas é fato: tudo depende de quem sente. O conhecimento pode ser algo insuportável quando a pessoa lida com ele de forma desesperada. Por exemplo, uma pessoa que tem uma doença terminal pode sofrer muito ao saber disso e de repente até abreviar a hora fatídica por conta da angústia gerada ao saber, não dando sequer chance aos milagres que às vezes acontecem. E há outras, como Stephen Hawking que, contrariando todos os prognósticos, sobrevive ao que parecia fato consumado.
Meu ponto pessoal: para mim conhecer é fascinante! Não consigo me definir sem a minha curiosidade. Mas, devo admitir, vez ou outra entro em contado com conhecimentos que preferiria não ter tido. Por que? Porque eles me causam angústia, desesperança, tristeza profunda e uma grande sensação de impotência e nessas horas a vontade de desistir bate e quase arromba a porta da minha existência. Um bom exemplo desses momentos é quando eu leio ou vejo o noticiário e tomo conhecimento das atrocidades das quais os seres humanos são capazes.
Será a ignorância uma questão de sobrevivência? É mais fácil não questionar?
Pelo citado acima, eu acho que, nesses casos, sim. Se existem consequências sobre as quais nenhum conhecimento é capaz de agir, para quê sabê-las, então? Já existe tanto para se saber na vida, por que perder tempo aprendendo sobre o que não fará qualquer diferença e ainda tem a grande possibilidade de te causar sofrimento? Como disse Thomas Gray em sua ode:
—where ignorance is bliss, ‘Tis folly to be wise.
Tradução: —onde a ignorância traz felicidade, é loucura ser sábio.
Agora responda a uma pergunta minha: _Ser um pensador é uma opção, uma dádiva ou uma maldição?
Ser pensador no sentido filosófico do que é pensar é uma opção. Você pode viver sem pensar sobre as grandes questões humanas. Elas não influenciam na rotina de quem as ignoram. A maioria vive sem pensar. Acorda, come, cuida da higiene (nem todos, infelizmente), vai trabalhar, estudar, entre outras atividades do cotidiano, voltam, assistem a TV, ou vão a um barzinho, ou bater uma pelada e depois desse dia cheio de atividades, preparam-se para dormir. Quando fazem qualquer crítica social é xingando o governo pelos desmandos ou se indignando com a violência que não para de crescer. E fazem isso, geralmente, não porque pararam para pensar sobre esses assuntos e sim porque ouviram de relance no jornal ou porque estão replicando a fala de todos, ou, ainda, deve ser moda no Face ou no Instagram.
O conceito de “dádiva” ou “maldição” remete a interferências divinas nas ações dos homens. Sou uma pessoa cética, portanto esses assuntos que remetem ao divino precisam ser mais bem esmiuçados para que eu possa atribui-los de forma que eu não me sinta desconfortável. No momento, não me sinto apta a fazê-lo.
Em princípio, acredito que qualquer pessoa disposta a pensar tem a capacidade física para isso, não é preciso ser estudado ou ser um “intelectual”. Existem matutos com raciocínios muito lógicos e que são capazes de desenvolver máquinas que muitos engenheiros ficam boquiabertos, por exemplo.
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Ah, e só para constar: nem todas as minhas perguntas são retóricas. Às vezes eu pergunto porque não sei mesmo a resposta. Muitas vezes, aliás. 🙂