O Outro

Quem é o outro se não uma projeção de nós mesmos? Você é capaz de olhar para alguém sem julgá-lo? Você é capaz de olhar para uma mulher e não pensar se ela é gorda, magra, bonita, feia, culta ou ignorante? Quando olhamos para o outro o que vemos é o nosso conceito do que ele é e não necessariamente o que ele realmente é. Já que é comum olharmos para o outro assim, será que precisamos mudar essa forma de olhar?

Eu acho que precisamos mudar nossa forma de enxergar o outro e o mundo. Porque só nos destituindo dos preconceitos é que poderemos ver as pessoas e as situações como elas realmente são. Por exemplo, uma pessoa mal vestida te aborda na rua e você, por julgá-la previamente baseado em suas vestimentas, a ignora. Pensa ser apenas mais um pedinte. Ela foi julgada e condenada sem ao menos ter tido a chance de defesa. Talvez a pessoa só precisasse de uma informação. Talvez ela estivesse mal vestida apenas segundo o seu padrão estético e para outras pessoas ela só estaria vestida normalmente. Há uma gama enorme de possibilidades sobre aquela pessoa e aquela situação que foi arbitrariamente ignorada por você. E com sua atitude você pode ter ferido aquela pessoa que você sequer conhece.

Eu sugiro que ao se deparar com algo ou alguém  você os observe sem julgamentos. Ouça o que ela está dizendo e não os seus pesamentos sobre o que está ouvindo. Às vezes uma pedra é apenas uma pedra e não um projétil ou um obstáculo. Você não precisa estar na defensiva o tempo todo. As situações também devem ser encaradas assim. Encare os fatos. Se faltarem peças para o quebra-cabeça, investigue. Faça perguntas e baseie suas conclusões nos fatos e não na sua imaginação sobre eles. Temos a tendencia a fantasiar. E geralmente usamos a fantasia para não enfrentarmos a realidade. Um exemplo corriqueiro é a dificuldade de alguns em entender que um relacionamento acabou. A parte abandonada geralmente fica remoendo todos os acontecimentos e arrumando desculpas para o comportamento do outro: “ele está confuso”; “ele me ama mas está com medo”; “ela tem outro”. Pode até ser que algumas dessas suposições sejam verdadeiras, mas o fato é que são apenas suposições e se você se prender a elas a sua vida ficará estagnada.

A neutralidade diante do outro ou de uma situação te dá a vantagem de tomar decisões racionais e não passionais. Decisões baseadas em fatos tendem a ser mais justas porque contra fatos não há argumentos. Se eu te dou exatamente aquilo que você me pediu não há do que você reclamar.

Liberte o outro da prisão do seu olhar e você estará abrindo as portas da sua própria jaula.

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