Suicídio: Coragem ou Covardia?

É um assunto muito delicado, eu sei. A mídia local, por exemplo, evita noticiar os casos frequentes que acontecem na ponte mais famosa do meu Estado. Evita para não incentivar, dizem.
Recentemente soubemos do caso de Robin Williams e ficamos chocados: “Como pode uma pessoa que tem tudo se matar?” É a pergunta que nunca se cala. Entretanto, sabemos de pessoas que não têm nada e mesmo assim lutam para sobreviver. Não acho que seja o caso de ter, mas sim, de ser.
Suicidas são seres cuja a vida dói. Não é nada, necessariamente, pessoal. E como qualquer outro ser humano que tenta se livrar da dor, o suicidada também quer se livrar do que lhe causa a dor, que é a própria vida.
A sociedade trata o assunto como tabu. Para muitos a vida é o centro de tudo, deve ser preservada a qualquer custo. Pessoas perdem a vida tentando salvar o maior número de vidas possível. E com tanto esforço social para preservar a vida, uma pessoa dizer que quer tirar a sua é uma verdadeira infâmia. Mas quantas pessoas realmente se importam com o suicida?

Sempre que a ponte fecha devido a uma tentativa de suicídio, começam a pipocar nas redes sociais comentários do tipo:
“O infeliz ao invés de se matar num outro horário, fica aí atrapalhando o trânsito.”
“Pula logo e acaba com essa palhaçada.”
“Esse povo fica querendo chamar atenção, por que não se mata em casa?”

Não sei se seria ético classificar os suicidas, mas pelo que já observei existem aqueles que estão desesperados por algum acontecimento externo: perda de emprego, dívidas, rejeição; os intelectualizados que de tanto analisar a vida concluíram que ela não faz o menor sentido; e os deprimidos que simplesmente não conseguem ter prazer em viver se não estiverem dopados.

Quem defende que o suicídio é covardia, também costuma dizer que é um ato de egoísmo. Alegam que o suicida só pensou nele e não nos seus familiares que estariam sofrendo por sua morte trágica. Não concordo com essa alegação. Um familiar que quer que o seu ente querido permaneça vivo, mesmo que para o ente isso seja uma tortura, não estaria também pensando apenas em si mesmo? A covardia estaria no fato de a pessoa fugir dos enfrentamentos da vida. No caso dos desesperados, talvez. Mas no caso dos intelectualizados e deprimidos não faz muito sentido. Os intelectualizados sabem bem as consequências de quaisquer escolhas e os deprimidos, por estarem doentes, não estão em posse de seu juízo perfeito.

Já quem defende ser o suicídio um ato de coragem, no fundo tem inveja do suicida, pois ele fez justamente o que muitos gostariam de fazer, talvez este seja o motivo da mídia não fazer alarde para não incentivar.

O fato é que ninguém pediu para nascer e existe uma proibição, que ninguém sabe exatamente de onde surgiu, do indivíduo tirar a própria vida. É como se alguém te desse um presente do qual você não gostou, não tem onde colocar, não sabe o que fazer com ele, mas vai ter que se virar para mantê-lo. Por quê? Porque alguém disse que é assim que tem de ser.

Eu acredito que alguns suicídios podem ser evitados. Os desesperados e os deprimidos podem ser salvos. Para os primeiros, basta ter alguém que consiga mostrar para eles  que é possível reconstruir sua vida com um novo emprego, um novo amor. Para os segundos, além dos acompanhamentos farmacológicos, há também as terapias que ajudam muito. Mas para os intelectualizados vejo poucos recursos. Esses geralmente não fazem alarde, você só encontra os corpos. Estes não querem ser salvos, querem apenas a paz de não existir.

E por se tratar de um assunto delicado, como já mencionei, ficam abaixo alguns links sobre o assunto. A regra principal é: Se já pensou em morrer, procure ajuda!

Pensamentos Suicidas – O que fazer caso os tenha.

Cartas de suicidas – Alguns motivos que levaram pessoas a cometê-lo.

Serviços para suicidas – Algo realmente bizarro que prova que realmente se encontra qualquer coisa na Internet.

P. S. A quem interessar possa:
        Esta ainda não é a minha carta suicida.
        @seraphicetica

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