O calor do momento

Praia

Quando você vive um dia de cada vez é possível entender que o passado e o futuro realmente não importam. Você vive! E viver é simplesmente estar. Olhar e ver o que está olhando e não o que está projetando. Quando você avista uma ave voando a céu aberto você vê o voo e a ave. É isso que está acontecendo. Todo o resto, a sua vontade de voar, as suas analogias referentes ao voo e a liberdade de estar sem chão, tudo isso é apenas projeção (ou poesia, para os mais sensíveis). Não que seja errado ou mesmo certo projetar, sonhar ou querer. Acho que podemos tudo. Só que já nos acostumamos tanto a ver as coisas projetadas que nos afastamos da delícia de apenas existir como somos.

Faça um teste. Pare diante de uma paisagem, real ou representada, e tente se ater apenas ao que está enxergando, sem prestar atenção ou dar mais atenção a como essa imagem faz você se sentir.

Eu escolhi a imagem acima, que é plano de fundo do meu computador:

Eu vejo coqueiros, areia, céu azul com poucas nuvens, mar cristalino e é extremamente difícil para mim não me imaginar balançando naquele balanço pendurado naquele coqueiro incrivelmente inclinado sobre a praia. E logo me pergunto: Como esse coqueiro ficou com essa inclinação? Terá sido o peso do balaço? Será que ele aguentaria meu peso sem encostar na água? E logo sinto (Pode isso? Eu realmente sinto!) o geladinho da água nos meus pés e o vento refrescando a minha pele que até arrepia ao seu toque. E sinto também o calor dos raios de sol, e ouço o mar conversando com o vento e o farfalhar das folhas da vegetação. E penso o quanto a vida é boa e o quanto é bom poder viver esse momento. PARA!

Viu como é fácil sair da realidade e divagar sobre desejos? E nós fazemos isso o tempo todo, indiscriminadamente, sem ter a menor noção de que estamos agindo assim. A título de exercício criativo, ter essa habilidade de ir além do que pode ver é uma ótima ferramenta. Entretanto é muito perigoso não ter a percepção disso no cotidiano porque pode te levar a constrangimentos. Por exemplo, você pode interpretar uma interação com alguém de forma errônea porque ao invés de prestar atenção ao que ela disse, você prestou atenção ao que acha que ela quis dizer. Em outras palavras, você cria uma camada interpretativa que separa você do seu interlocutor (Nossa! Essa última fala foi tão técnica, né? – Senti-me de volta ao curso de Letras, nas aulas de Linguística).

Eu tento sanar essa discrepância me certificando de que entendi exatamente o que o meu interlocutor disse. Eu repito o que foi dito em forma de pergunta e assim dou a chance ao meu interlocutor de se fazer entender. Claro que não o tempo todo, pois isso tornaria a conversa enfadonha. Porém eu recomendo que a técnica seja aplicada sempre que houver a possibilidade de conflitos por desentendimentos, sejam em relações pessoais ou comerciais.

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